terça-feira, 2 de outubro de 2007

O rosto da cidade

São Luís tem vários epítetos, dentre eles o de Atenas brasileira, ilha dos amores e Jamaica brasileira. Os dois primeiros são antigos, o primeiro deve-se por a primeira gramática brasileira ter sido escrita na ilha por Sotero dos Reis, que levou ao país a idéia de que os maranhenses falam o português mais correto do Brasil, já o segundo é devido pela quantidade de autores românticos ludovicenses a citar Gonçalves Dias e Aluízio Azevedo, já o último deve-se à profusão do reggae na ilha na década de 70.
No entanto, cabe saber qual a imagem que a cidade deseja manter, posto que Atenas brasileira e ilha do amor estão mais ligados ao passado, mas urge a necessidade de se reforçar o presente. A definição da imagem da cidade passa muito por uma contribuição do poder público, a saber qual feição escondida na cidade será destacada.
A parte cultural da cidade cresce. O POEMARÁ, renomado festival de poesia da cidade chega à sua 21ª edição, sendo uma janela para mostrar porque ainda somos a ilha do amor, com um esforço maior, seja do poder público, seja de uma parceria com o setor privado, esse trabalho poderia ser publicado e divulgado para escolas na cidade e fora da cidade, fazendo juz ao seu tão adorado epíteto.
A cidade respira cultura, mas é uma cultura individual, os atores e escritores ludovicenses veem-se obrigados ser renomados apenas entre seus amigos e familiares, ainda não há um mercado editorial forte na cidade, ou mesmo de quem oriente esses talentos a procurar as editoras mais fortes, de tal modo que, por enquanto, só os ludovicenses ainda conseguem saber que a ilha do amor pulsa ao ritmo do coração dos apaixonados.
Mas isso tudo será em vão se não for observada a qualidade do ensino oferecida à população. Uma avaliação séria tem de ser feita, de tal modo que os alunos não passem de ano apenas, mas adquiram conhecimento à medida que suas mentes forem evoluindo. Os alunos são brilhantes, isso se percebe com uma rápida conversa, mas os Gonçalves Dias e Arthur Azevedo de nossa geração estão se perdendo em um ensino que não está atento a eles. Será esse o novo epíteto da cidade? A ilha do descaso?
O povo sabe o que o povo quer, e nada melhor para uma cidade que ser conhecida pelo seu povo. Mas cabe a pergunta: quem é o ludovicense?

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